Em entrevista exclusiva ao programa Talk Show, da Costazul FM, a respeito de um acidente que causou vazamento de material potencialmente radioativo para o ambiente externo da usina Angra I, o presidente da Eletronuclear, Eduardo Grivot de Grand Court, admitiu que pode ter havido falha de comunicação entre a empresa e os organismos de vigilância nuclear e ambiental, além da prefeitura de Angra. Ele disse ainda que esta falha será investigada para que não se repita em incidentes futuros e também negou que tenha havido qualquer risco para a população do entorno do complexo nuclear.
— Vamos deixar claro para a população que não existe risco nenhum. Que não aconteceu nenhum evento com classificação de risco, mas, infelizmente, pelo que a gente apurou, houve de alguma forma, algum tipo de falha na comunicação. É o que nos parece. Estamos fazendo uma avaliação e, havendo a falha, vamos saber a causa e termos um plano de ação para não se repetir. Nossa proposta é dar transparência total — destacou Grand Court, em trechos da entrevista postada na íntegra abaixo, no nosso canal no Youtube.
O incidente, classificado pela própria Eletronuclear, como de baixo potencial de risco, foi em setembro do ano passado, ainda na gestão anterior à de Grivot, mas gerou uma multa de R$ 2 milhões à empresa. Além disso, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça Federal em Angra determinou que a empresa realize, em até 30 dias, avaliação completa dos danos causados pelo acidente na Baía de Itaorna. O fato só foi comunicado aos órgãos de fiscalização 21 dias após o vazamento.
Grivot reafirmou compromisso da empresa com o esclarecimento do fato e o aprofundamento da relação entre a Eletronuclear e os municípios da Costa Verde fluminense.
A Eletronuclear também divulgou nota em seu site a respeito do incidente, que pode ser lida a seguir:
Em relação à matéria “Eletronuclear deixa de informar vazamento de material radioativo no mar e vira alvo na Justiça”, publicada hoje (23) pelo site do jornal O Globo, a empresa esclarece alguns pontos que não ficaram claros na reportagem.
Ao contrário do que afirma o veículo, não houve acidente radioativo em Angra 1.
Em 16/09/22, ocorreu uma liberação não programada na usina de cerca de 90 litros de água (o equivalente a dois tanques de combustível de um carro popular) contendo substâncias com baixo teor radioativo.
Como os valores estavam muito abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente, a empresa tratou o evento como incidente operacional interno e informou o assunto nos relatórios regulares enviados às autoridades competentes.
Inicialmente, por conta própria e depois sob demanda do Ibama, a companhia intensificou a monitoração radiológica no local de despejo das águas pluviais sem encontrar nenhum impacto ambiental.
O Laboratório de Monitoração Ambiental (LMA) da Eletronuclear realizou, na Baía de Itaorna, a análise de amostras de água do mar e de sedimentos marinhos, coletadas em locais escolhidos próximos às saídas de água de Angra 1.
Como resultado, não foram encontrados radionuclídeos artificiais – aqueles produzidos pelas atividades do homem, como por exemplo num reator nuclear – na água do mar.
Em somente uma amostra de sedimentos marinhos foram encontrados dois elementos com uma atividade radiológica baixa, fato que foi devidamente informado aos órgãos fiscalizadores.
Para se ter ideia, o valor verificado foi bem menor do que o recebido por um indivíduo submetido a uma radiografia de tórax e cerca de 1.000 vezes menor que a exposição anual proveniente da radiação natural, presente no nosso dia a dia.
Também é menos de 2% do limite de dose para indivíduos do público estabelecido nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
Dessa forma, o LMA concluiu não ter havido impacto radiológico para o meio ambiente.
Na semana passada, a Eletronuclear recebeu do Ministério do Meio Ambiente os relatórios de fiscalização e autos de infração referentes à questão.
A emissão desses documentos trouxe o tema novamente à tona, motivando a matéria do Globo.
Ao ser contatada pelo jornal, a empresa respondeu prontamente, buscando prestar os esclarecimentos necessários.
Em sua resposta, a companhia frisa que vai recorrer junto ao Ibama, uma vez que entende ter cumprido o que determina a legislação.
A diretoria executiva da Eletronuclear, empossada após os acontecimentos, ressalta que abriu processo interno para apurar se houve alguma falha nas comunicações e está tomando as providências para que, daqui para frente, todos os eventos sejam divulgados com ampla transparência e publicidade.
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