Foram três anos de espera até a pernambucana Céu Albuquerque conseguir o reconhecimento na certidão de nascimento como intersexo. A jornalista e ativista é a primeira pessoa no país a conseguir o reconhecimento oficial desta condição, segundo a Associação Brasileira Intersexo (Abrai).
“Quando eu nasci em 1991, fiquei seis meses sem registro de nascimento, esperando o exame de cariótipo (que avalia a estrutura de cromossomos da pessoa) para verem a prevalência de gênero que meu corpo possuía, vejo isso como a primeira violação de direitos humanos que sofri”, conta Céu.
A retificação do registro é para a ativista uma conquista de toda a comunidade intersexo. “O resultado deste processo era muito aguardado, não apenas como uma realização pessoal, mas também como um marco significativo para toda a comunidade intersexo”, afirma.
O intersexo pode acontecer por diversas variações como cromossomos atípicos, genitais ambíguos e produção hormonal fora do padrão. Céu tem hiperplasia adrenal congênita, condição genética que afeta a produção de cortisol e influência no desenvolvimento sexual e a formação dos órgãos genitais externos.