O cartunista Ziraldo, de 91 anos, falecido no sábado (6), antes de ser conhecido como o pai do Menino Maluquinho, o ícone da literatura infanto-juvenil, teve atuação marcante como jornalista em defesa de democracia. Durante a ditadura militar, lançou o jornal O Pasquim e usou seus traços para combater o regime autoritário e defender a liberdade de expressão.
O corpo do desenhista foi velado neste domingo (7), data que marca o Dia do Jornalista, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, cidade onde o mineiro de Caratinga morreu de causas naturais. E enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro.
A maior representação de Ziraldo como jornalistas está no jornal O Pasquim, que teve o desenhista entre seus fundadores e principais colaboradores. Ao seu lado, nomes como Jaguar, Sérgio Cabral (pai) e Tarso de Castro.
O veículo de imprensa circulou nas décadas de 70 e 80 e era uma das resistências à ditadura, tendo enfrentado censura, perseguição e rendido aos seus responsáveis prisões durante o regime de exceção.
“É um outro tipo de jornalismo, muito crítico e sempre de oposição”, classifica o jornalista Marcelo Auler, hoje conselheiro da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e que compartilhou a redação de O Pasquim com Ziraldo a partir de 1974.
A Turma do Pererê foi uma série de histórias em quadrinhos brasileira, criada por Ziraldo em 1959, nas páginas da revista Cruzeiro. Em 1979 escreveu o primeiro livro infantil, Flicts. O Menino Maluquinho chegou em 1980. O sucesso foi tão grande que em 1995 virou filme.
Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. O mais velho dos sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo). Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos de idade, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”.