Arrumando as malas para a 23ª Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, acabei recordando de um fato que aconteceu em 2019, quando eu estava alugando uma casa no município para curtir o evento como espectador. Ao fechar todos os detalhes com a proprietária do imóvel, ela fez uma pergunta curiosa:
– Você é Lula ou Bolsonaro?
Corta para 2025. O evento, que neste ano acontece entre 30 de julho e 3 de agosto, segue refletindo o cenário atual em que se apresenta o Brasil e o mundo, utilizando a literatura como tradutor de uma realidade moldada pela polarização política e pela multiplicidade de visões destes tempos.
Aliás, “múltiplo” é um bom vocábulo para tentar definir o poeta paranaense Paulo Leminski (1944 – 1989), homenageando da Flip. Escritor, judoca, compositor, professor, publicitário e aspirante a monge na adolescência, ele era muitos em um só. “Polaco mulato de Curitiba”, “Rimbaud curitibano”, Polilingue paroquiano cósmico” e “Samurai malandro” eram apenas algumas de suas denominações e apelidos. Leminski foi único e complexo, exatamente como o país em que ele nasceu.
E é assim que o evento começa, hoje, às 19h, no auditório instalado na Praça da Matriz, no Centro Histórico de Paraty. Na mesa de conversa intitulada “Essa noite vai ter sol”, integrante da programação principal, o músico e poeta Arnaldo Antunes, ex-Titãs, falará sobre o homenageado desta edição, prosa, poesia e música, tentando decifrar um autor cuja principal qualidade talvez seja justamente… Ser indecifrável.
Ao longo de todos os dias da Flip, a Rádio Costazul FM vai cobrir o evento, marcando presença em palestras, visitando casas e editoras literárias espalhadas por Paraty e sentindo o clima da festa e de seus participantes. A programação principal completa segue abaixo (mais informações em www.flip.org.br); os detalhes e nuances, publicaremos por aqui.
Flip 2025 – programação principal
Quarta-feira, 30/7, às 19h
Mesa 1: “Essa noite vai ter sol”, com Arnaldo Antunes.
Quinta-feira, 31/7, às 10h
Mesa 2: “Caprichos e relaxos”, com Fabrício Corsaletti e Lilian Sais.
Quinta-feira, 31/7, às 12h
Mesa 3: “Tristes tramas”, com Anabela Mota Ribeiro e Neige Sinno.
Quinta-feira, 31/7, às 15h
Mesa 4: “A casa, o mundo”, com Alia Trabucco Zerán e Lilia Guerra.
Quinta-feira, 31/7, às 17h
Mesa 5: “Todas as formas”, com Mar Becker e Monique Malcher.
Quinta-feira, 31/7, às 19h
Mesa 6: “A extraordinária vida comum”, com Pedro Guerra e Sandro Veronesi.
Quinta-feira, 31/7, às 21h
Mesa 7: “Pequenos países, grandes movimentos”, com Gaël Faye e GauZ’.
Sexta-feira, 1º/8, às 10h
Mesa 8: “Vide o verso”, com Alice Ruiz, Claudia Roquette-Pinto e Marília Garcia.
Sexta-feira, 1º/8, às 12h
Mesa 9: “O Brasil no espelho”, Tiago Rogero e Ynaê Lopes dos Santos.
Sexta-feira, 1º/8, às 13h30
Mesa Extra: “Escritor de dois mundos”, Valter Hugo Mãe.
Sexta-feira, 1º/8, às 15h
Mesa 10: “Tudo que desabrocha”, com Giovana Madalosso e Liv Strömquist.
Sexta-feira, 1º/8, às 17h
Mesa 11: “Breve história do longo conflito”, com Ilan Pappe.
Sexta-feira, 1º/8, às 19h
Mesa 12: “O lugar da floresta”, com Marina Silva.
Sexta-feira, 1º/8, às 21h
Mesa 13: “Palavras: vida e obra”, com Gregorio Duviver.
Sábado, 2/8, às 10h
Mesa 14: “Senhora Liberdade”, com Nei Lopes.
Sábado, 2/8, às 12h
Mesa 15: “Ser mulher na América Latina”, com Dahlia de la Cerda e Dolores Reyes.
Sábado, 2/8, às 15h
Mesa 16: “Pertencer, transformar”, com Astrid Roemer e Verenilde Pereira.
Sábado, 2/8, às 17h
Mesa 17: “Invenção, memória”, com Cristina Rivera Garza e María Negroni.
Sábado, 2/8, às 19h
Mesa 18: “A ridícula ideia de estar lúcida”, com Rosa Montero.
Sábado, 2/8, às 21h
Mesa 19: “Roçar a língua de Camões”, com Caetano Galindo e Ricardo Araújo Pereira.
Domingo, 3/8, às 10h
Mesa 20: Mesa Zé Kleber: Espalhar poesia”, com Luiz Perequê e Sergio Vaz.