Matéria retirada da Folha de São Paulo
No momento em que o governo lança um novo programa de refinanciamento de distribuidoras para evitar aumento de custos para os consumidores, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) concedeu, nesta terça-feira (14), um aumento de 39,8% na energia produzida pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2.
Com o reajuste, a tarifa de Angra 1 e 2 será de R$ 349,15 por megawatt-hora (MWh) a partir do próximo ano, contra R$ 249,64 por MWh neste ano. O novo valor entra em vigor a partir de 1º de janeiro. O preço de referência da energia no mercado hoje é de cerca de R$ 190 o MWh.
A nova tarifa será aplicada por índices diferentes para cada distribuidora e varia de acordo com a quantidade de energia que cada uma delas compra da Eletronuclear, que controla as duas usinas. A alta média, no entanto, será de 0,75%, segundo a Aneel.
Boa parte da alta da tarifa das usinas de Angra se deve ao déficit gerado em anos anteriores decorrentes da diferença entre a tarifa cobrada e os custos da usina, que foram superiores no momento de alta do preço do combustível usado para a geração da energia.
Com esse reajuste, o governo terá de lidar com mais pressão sobre os preços da energia, especialmente para os grandes consumidores (indústrias). O insumo já é o que mais pesa na cesta utilizada para o cálculo da inflação medida pelo IPCA.
Como o reajuste era inevitável, a Aneel vem avaliando outras formas de amenizar o impacto da alta de custos de geração nas tarifas no próximo ano. Existe pressão do governo de Jair Bolsonaro para evitar um tarifaço durante a campanha em que o presidente tentará a reeleição.
Nesta semana, depois de meses de espera pelo mercado, o governo editou uma nova medida provisória com uma segunda rodada do prometido socorro financeiro às distribuidoras. Esses empréstimos serão incorporados na conta de luz dos consumidores nos anos seguintes.