A Eletronuclear recebeu na última terça-feira (03) um estudo detalhado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a viabilidade técnica, econômica e jurídica da Usina Nuclear Angra 3. De acordo com o relatório, o custo para abandonar as obras da usina é estimado em mais de R$ 21 bilhões, valor próximo ao necessário para concluir o empreendimento e iniciar a geração de energia, prevista para 2031.
O estudo sugere uma tarifa de comercialização de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), valor comparável à tarifa de referência de R$ 639,00 (atualizada para valores de 2024) definida pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) em 2018. Concluir a usina exigirá um investimento adicional de aproximadamente R$ 23 bilhões, enquanto cerca de R$ 12 bilhões já foram aplicados na obra.
O presidente da Eletronuclear, Raul Lycurgo, destacou a importância da decisão para a continuidade do projeto e a determinação da tarifa de comercialização da energia gerada por Angra 3. “Estamos confiantes de que as obras deslanchem em breve e que o setor nuclear volte a ser pujante no Brasil”, afirmou.
Abandonar o projeto, segundo o estudo, acarretaria custos elevados, incluindo R$ 9,2 bilhões para quitação de financiamentos, R$ 2,5 bilhões para rescisão de contratos, e R$ 7,3 bilhões referentes ao custo de oportunidade do capital investido, além da perda definitiva dos R$ 12 bilhões já aplicados. Se a usina não for concluída, a União seria responsável por esses custos, que poderiam ser repassados aos consumidores sem a contrapartida da geração de energia.
Angra 3: Impacto e Relevância
Com uma capacidade de 1.405 megawatts, Angra 3 produzirá cerca de 12 milhões de MWh anuais, o equivalente a 70% do consumo do estado do Rio de Janeiro. A energia gerada pela usina será suficiente para abastecer 4,5 milhões de habitantes, reduzindo o risco de apagões e contribuindo para a diversificação da matriz elétrica brasileira. A usina também desempenhará um papel crucial na redução de emissões de CO2, com um impacto ambiental significativamente menor em comparação às usinas a carvão.
Além dos benefícios ambientais, Angra 3 trará vantagens econômicas e sociais, como a criação de cerca de sete mil empregos diretos no pico das obras, impulsionando a economia da Costa Verde fluminense. A proximidade da usina aos principais centros de consumo do país também minimizará perdas na transmissão de energia, representando uma economia adicional para os consumidores.
