O registro de quatro casos de meningite meningocócica na cidade de Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, evidencia que a baixa imunização contra a doença no estado do Rio pode favorecer ao ressurgimento da doença. O Rio tem a segunda pior cobertura da vacina contra a bactéria meningococo C no país, de acordo com o Ministério da Saúde.
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) indica que o estado do Rio não atinge a meta de vacinar 80% dos bebês nascidos vivos anualmente desde 2017. Em 2022, o percentual de bebês vacinados foi de apenas 60%, maior apenas que a do Amapá, de 56%, e muito inferior ao de todo o Brasil, que teve média de 78,6% de imunizados. Da mesma maneira, a cidade de Campos dos Goytacazes ficou longe da média nacional e da meta do Ministério da Saúde, com 65% de imunizações.
A vacina meningocócica C conjugada deve ser administrada com duas doses, aos 3 e aos 5 meses de idade, e requer ainda uma dose de reforço aos 12 meses. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece ainda a vacina meningocócica ACWY a adolescentes de 11 a 14 anos de idade.
Para especialistas, o surgimento de casos da doença e até o risco de uma nova epidemia ou surtos não surpreendem já que a vacinação é a única forma de impedir o avanço dos infectantes.
— Com cobertura vacinal baixa, você passa a ter casos. Primeiro em crianças não vacinadas, mas com risco em pessoas que não têm acesso à vacina, como adultos. Isso pode fazer voltar o que já vivemos tristemente, que eram surtos de meningite no país, que foram muito intensos — alerta a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Balallai.
— Infelizmente, quando a gente olha o estado do Rio, temos uma das piores coberturas vacinais do país, e isso tem sido discutido junto ao governo do estado. São vários fatores, cobertura baixa mesmo e baixo registro — disse.