sexta-feira, novembro 22, 2024
Com Beto Carmona
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Eleições nos EUA definirão rumos da política externa mundial

As eleições norte-americanas, que ocorreram nesta terça-feira (5), vão muito além das fronteiras dos Estados Unidos. A decisão sobre quem será o próximo presidente — a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente, ou o republicano Donald Trump, ex-presidente de 2017 a 2021 — influencia diretamente a América Latina, a China e outros países que aguardam o resultado para ajustar suas estratégias diplomáticas e comerciais.

Segundo a Agência Brasil, especialistas apontam que os impactos da escolha não se restringem a áreas de conflito, como a Europa e o Oriente Médio. O pesquisador do Instituto Nacional de Estudos sobre os EUA e professor da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Goulart Menezes, alerta para as implicações de uma possível vitória de Trump na América Latina. “Trump tende a fortalecer vínculos com lideranças de extrema-direita na região, o que representa um risco para a estabilidade democrática em países latinos”, afirma.

Influência na América Latina e no Brasil

Para o Brasil, os efeitos de um retorno republicano à Casa Branca seriam significativos, destaca Menezes. O professor do departamento de história da UnB Virgílio Caixeta Arraes, observa, entretanto, que o país ocupa um papel secundário nas relações com os EUA, independente do resultado. “Países como México e Colômbia recebem mais atenção de Washington, enquanto o foco principal continua no Oriente Médio e na Ásia”, analisa.

Relações com a China

A China, por sua vez, segue como um ponto de atrito na política externa dos EUA. Menezes acredita que, qualquer que seja o vencedor, a pressão norte-americana sobre países da América do Sul, como Brasil e Peru, deve aumentar, especialmente em portos estratégicos. A estratégia é dificultar a expansão da influência chinesa na região. “Mesmo que os EUA utilizem temas como direitos humanos e meio ambiente para justificar essa pressão, o pano de fundo é sempre o receio de que a China ganhe terreno”, explica.

Arraes complementa que o confronto com Pequim, embora não tenha uma política de contenção definitiva, tem sido crescente. “A diferença entre os partidos é a intensidade das medidas adotadas. Democratas e republicanos alternam a retórica, mas a disputa pela liderança global se mantém”, acrescenta.

Conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia

Em relação ao Oriente Médio, os especialistas são unânimes: o apoio dos EUA a Israel é uma política de Estado, imutável com a alternância de governo. “Desde a criação de Israel, os EUA sempre mantiveram uma aliança sólida”, observa Menezes, que destaca a atual autonomia de Israel em suas ações militares, apesar das críticas dos EUA aos ataques a civis palestinos e libaneses.

No conflito entre Rússia e Ucrânia, há diferenças mais claras. Trump já indicou que, se eleito, diminuirá o apoio à Ucrânia, o que pode alterar o curso do confronto. “A postura de Trump seria um alívio para Moscou, enquanto Harris manteria o atual nível de suporte militar e financeiro aos ucranianos”, conclui Arraes.

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