O fenômeno climático La Niña, que normalmente provoca chuvas intensas no Nordeste e seca no Sul do Brasil, deve ter intensidade fraca em 2024, segundo a climatologista Francis Lacerda, do Instituto Agronômico de Pernambuco. Em entrevista ao programa Natureza Viva, da Rádio Nacional da Amazônia, Lacerda afirmou que, embora o resfriamento das águas do Oceano Pacífico tenha iniciado há dois meses, ele está ocorrendo em um ritmo mais lento do que o habitual.
De acordo com a especialista, os modelos climáticos indicam um atraso no desenvolvimento do fenômeno, o que sugere que o La Niña deste ano será mais brando. “A previsão é que seja uma La Niña fraca”, disse Lacerda, ressaltando que, mesmo com a formação do fenômeno, seus efeitos podem não ser tão intensos quanto em anos anteriores.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a probabilidade de ocorrência do La Niña entre outubro e dezembro é de 60%. A previsão para outubro aponta chuvas acima da média em grande parte da Região Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, sul do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. A expectativa é que as chuvas retornem gradualmente à parte central do país na segunda quinzena do mês.
Mudanças climáticas em pauta
Durante a entrevista, Francis Lacerda também destacou a urgência das ações contra as mudanças climáticas, tema abordado na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o multilateralismo como solução. A climatologista afirmou que iniciativas de mitigação, como a redução de emissões de gases de efeito estufa, ainda enfrentam resistência de setores econômicos, especialmente o agronegócio.
“Esses setores seguem focados na produção em larga escala, com exportação de carne e commodities, o que ocorre muitas vezes em detrimento do bioma e do controle climático”, criticou Lacerda.
A climatologista também alertou para o risco de a Amazônia atingir um ponto de não retorno, onde o desmatamento se tornaria irreversível, causando consequências graves para o país. Além disso, denunciou que 99% das queimadas no Brasil, monitoradas por satélites, têm origem em ações humanas, especialmente na Amazônia, Cerrado e Pantanal, muitas delas com intenções criminosas para destruir áreas de proteção ambiental.
Com informações da Agência Brasil