O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão pode ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. Segundo informações obtidas pelo site The Intercept, Ronnie Lessa apontou o ex-deputado como sendo um dos mandantes em delação premiada feita à Polícia Federal (PF).
Segundo o The Intercept, ao procurar o advogado de Brazão, Márcio Palma, ele disse que não ficou sabendo dessa informação. E que tudo que sabe sobre o caso é pelo que acompanha na imprensa, já que pediu acesso aos autos e foi negado, com a justificativa que Brazão não era investigado.
O acordo de delação premiada de Lessa estaria no Superior Tribunal de Justiça (STJ), um indicativo de que o mandante do crime contra a parlamentar e o motorista tem foro privilegiado — direito atribuído a autoridades que ocupam cargos públicos, como é o caso de Brazão.
Diante da repercussão, a PF informou, em nota divulgada na noite desta terça-feira (23), que conduz as informações em sigilo. No entanto, não confirma as informações envolvendo Ronnie Lessa e acrescentou que elas podem comprometer as investigações.
“A Polícia Federal informa que está conduzindo há cerca de onze meses as investigações referentes aos homicídios da vereadora Marielle Franco e de Anderson Gomes. Ao longo desse período, a Polícia Federal trabalhou em parceria com outros órgãos, notadamente o Ministério Público, com critérios técnicos e o necessário sigilo das diligências realizadas. Até o momento, ocorreu uma única delação na apuração do caso, devidamente homologada pelo Poder Judiciário”.
A delação citada pela PF é a do ex-policial militar Élcio de Queiroz, que está preso em Brasília. Em depoimento à PF, ele confessou que dirigia o carro durante o atentado no bairro do Estácio, região central do Rio de Janeiro. Já o ex-PM Ronnie Lessa cumpre pena no presídio de segurança máxima no Rio de Janeiro por ocultação das armas utilizadas no crime, desde março de 2019.