A rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, anunciou o fechamento do escritório no Brasil. A decisão teria sido motivada por um suposto descumprimento de uma ordem judicial do Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa alega que a ordem, cuja autenticidade não foi confirmada pelo STF, foi divulgada em sua própria plataforma.
Apesar do encerramento das operações físicas, a rede social continuará disponível para os usuários brasileiros.
Segundo informações divulgadas pela própria rede social, a X teria se recusado a bloquear contas e perfis relacionados a um inquérito da Polícia Federal que investiga obstrução de justiça e incitação ao crime por parte de uma organização criminosa. No despacho divulgado pela empresa, o ministro do STF Alexandre Moraes teria determinado a intimação pessoal de representantes da X no Brasil, mas as tentativas de contato teriam fracassado.
Ainda de acordo com o documento divulgado, Moraes acusou a representante legal da X no Brasil de agir de má-fé ao evitar a intimação. Diante da situação, o ministro teria ordenado a prisão da representante e imposto uma multa diária de R$ 20 mil.
A empresa justificou o encerramento das operações no país citando preocupações com a segurança de sua equipe. “Para proteger nossa equipe, decidimos encerrar nossas operações no Brasil, com efeito imediato. No entanto, o serviço X continuará disponível para a população brasileira”, declarou o setor de assuntos globais da empresa. A rede social também afirmou que seus recursos no STF não têm prosperado e que Moraes estaria “ameaçando” a equipe.
O proprietário da plataforma, Elon Musk, também se pronunciou, dizendo que a decisão foi difícil, mas necessária para evitar a censura. “Se tivéssemos concordado com as exigências de censura secreta e ilegal, não teríamos como explicar nossas ações sem nos envergonharmos”, afirmou o bilionário.
Confrontos com o Judiciário
Essa não é a primeira vez que Musk desafia as autoridades brasileiras. Em abril deste ano, ele acusou Moraes de promover “censura” na plataforma. Especialistas avaliam que essas ações podem fazer parte de uma estratégia da extrema-direita global para dificultar investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 no Brasil.
Musk, que além de dono da X possui empresas de satélites e carros elétricos, tem se destacado por sua atuação política em diversos países, incluindo Brasil, Bolívia, Venezuela e Estados Unidos, onde apoia abertamente Donald Trump. Recentemente, ele também se envolveu em polêmicas no Reino Unido, onde comentou que uma “guerra civil é inevitável”, em meio a uma crise de violência contra imigrantes. A rede X tem sido acusada de promover conteúdos anti-imigrantes.