O segundo dia da 23ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty deixou claro que o evento vem reforçando o apoio às ações educacionais e aos escritores e editoras independentes do país.
Já na manhã de quinta-feira (31), a Central Flipinha, localizada na Praça da Matriz, recebeu uma multidão de crianças, pais, mães e educadores, transformando o cenário histórico num grande playground onde a principal brincadeira era aprender… Ou ensinar, como no caso da diretora de cultura e educação da Flip, Belita Cermelli, que falou sobre a importância do espaço.
“A Central Flipinha foi totalmente reprojetada, para que as crianças fiquem no centro, à vontade, num espaço que permite uma convivência mais solta. Outra novidade é que estamos lançando na Casa de Cultura de Paraty a Flip Educa, uma série de rodas de conversa voltada a adultos, em geral educadores, interessados em literatura feita para crianças e jovens”, explica Belita.
Independência e Sustentabilidade
Localizada na margem esquerda do Rio Perequê-Açú, da ponte até as proximidades da praia do Pontal, um espaço urbano de quase 15 mil m² se transformou na Praça Aberta, lar de editoras independentes, coletivos editoriais e espaços para autores que desejam expor seus trabalhos, aumentando a bibliodiversidade e a diversificação do evento. No mesmo local acontecem variadas manifestações da comunidade, com agricultores, artesãos e artistas locais apresentado seus produtos, artesanato e gastronomia.
Enquanto num estande do espaço a escritora e jornalista niteroiense Chris Fuscaldo, fundadora da Garota FM Books defendia obras dedicadas à memória principalmente da música popular brasileira, na mesa ao lado, o escritor e ator Pedro Tancini, de São Paulo, divulgada seu último livro “Poemas de plástico”, uma obra produzida de uma forma original e sustentável.
“É a primeira obra de literatura do mundo feita completamente de plástico reciclável, com poesias que falam sobre essa contradição que é o plástico: um material tão descartável na sociedade e que dura muito tempo na natureza. Este é o fio que guia os poemas, que são muito críticos, com uma reflexão política. O livro foi produzido principalmente com tampinhas de garrafa pet coletada por catadores. Cada capa tem um elemento artesanal, já que foram finalizadas com pedaços de plástico coletados das praias de São Paulo”, explica o autor.
Entre programações para adultos e crianças e livros sobre música e sustentabilidade, a Flip 2025 segue velejando num oceano de inclusão e diversidade. Apesar dos mares revoltos e polarizados do Brasil de hoje, ao menos até o dia 3 de agosto, Paraty continuará sendo o porto seguro da literatura no país.
Flip 2025 – programação principal
Sexta-feira, 1º/8, às 12h
Mesa 9: “O Brasil no espelho”, Tiago Rogero e Ynaê Lopes dos Santos.
Sexta-feira, 1º/8, às 13h30
Mesa Extra: “Escritor de dois mundos”, Valter Hugo Mãe.
Sexta-feira, 1º/8, às 15h
Mesa 10: “Tudo que desabrocha”, com Giovana Madalosso e Liv Strömquist.
Sexta-feira, 1º/8, às 17h
Mesa 11: “Breve história do longo conflito”, com Ilan Pappe.
Sexta-feira, 1º/8, às 19h
Mesa 12: “O lugar da floresta”, com Marina Silva.
Sexta-feira, 1º/8, às 21h
Mesa 13: “Palavras: vida e obra”, com Gregorio Duviver.
Sábado, 2/8, às 10h
Mesa 14: “Senhora Liberdade”, com Nei Lopes.
Sábado, 2/8, às 12h
Mesa 15: “Ser mulher na América Latina”, com Dahlia de la Cerda e Dolores Reyes.
Sábado, 2/8, às 15h
Mesa 16: “Pertencer, transformar”, com Astrid Roemer e Verenilde Pereira.
Sábado, 2/8, às 17h
Mesa 17: “Invenção, memória”, com Cristina Rivera Garza e María Negroni.
Sábado, 2/8, às 19h
Mesa 18: “A ridícula ideia de estar lúcida”, com Rosa Montero.
Sábado, 2/8, às 21h
Mesa 19: “Roçar a língua de Camões”, com Caetano Galindo e Ricardo Araújo Pereira.
Domingo, 3/8, às 10h
Mesa 20: Mesa Zé Kleber: Espalhar poesia”, com Luiz Perequê e Sergio Vaz.
