segunda-feira, dezembro 9, 2024
Com Beto Carmona
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Mais de 70% das espécies ameaçadas encontram refúgio em áreas marinhas protegidas

Nesta segunda-feira (3), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgou o Relatório sobre o Estado do Oceano (StOR), que aponta que 72% das 1.473 espécies ameaçadas de extinção buscam abrigo em Áreas Marinhas Protegidas (AMPs). Estas áreas são essenciais para a preservação da biodiversidade, apoio à segurança alimentar e manutenção da saúde dos oceanos.

As AMPs, criadas para proteger espécies e recursos naturais, implementam medidas que promovem o desenvolvimento sustentável, turismo ecológico e pesca não predatória. A maioria dessas áreas está localizada em mar territorial, sob jurisdição nacional. No Brasil, essas áreas representam 27% do mar territorial.

O relatório apresenta dados científicos sobre o estado atual dos oceanos e os impactos do aquecimento global, provocado pela emissão excessiva de gases de efeito estufa. O documento destaca o aumento da temperatura das águas, acidificação, diminuição dos níveis de oxigênio e elevação do nível do mar.

Desde sua primeira edição em 2022, o relatório da Unesco serve como uma ferramenta vital para decisões políticas e administrativas, além de incentivar novas pesquisas. A edição de 2023 contou com a colaboração de 98 autores de 25 países, ressaltando a importância do ordenamento do espaço marinho para reduzir pressões sobre os ecossistemas. Segundo o relatório, em 2023, 126 países e territórios aplicaram políticas baseadas em áreas para gerenciar sustentavelmente as atividades oceânicas, um aumento de 20% em relação a 2022.

Os pesquisadores destacam a capacidade dos oceanos de absorver gás carbônico, apesar de uma perda de 2% do oxigênio oceânico desde a década de 1960, resultando em centenas de “zonas mortas” devido à poluição. Ecossistemas costeiros como manguezais e pântanos de maré, que absorvem cinco vezes mais carbono que florestas terrestres, são cruciais para mitigar os efeitos de um oceano mais quente e ácido.

Contudo, entre 20% e 35% desses ecossistemas foram perdidos desde os anos 1970, o que agrava o problema. Outra preocupação é a eutrofização, causada pelo excesso de nutrientes devido ao despejo de esgoto e água não tratada. A Unesco enfatiza a necessidade de estratégias para reduzir as principais fontes de nitrogênio e fósforo nos ecossistemas marinhos.

A acidificação e eutrofização prejudicam algas essenciais ao equilíbrio ecológico e favorecem a proliferação de espécies tóxicas. O relatório aponta que cerca de 200 das aproximadamente 10 mil espécies de fitoplâncton produzem toxinas.

Plásticos nos Oceanos e Sustentabilidade Alimentar

O aumento da quantidade de plásticos nos oceanos desde os anos 1990 é uma preocupação crescente. Estudos indicam que peixes consomem microplásticos, representando riscos à saúde. “Mecanismos globais para rastrear a poluição por nutrientes e plásticos nos oceanos são urgentemente necessários para apoiar estratégias de mitigação e adaptação”, diz o relatório.

O crescimento populacional previsto para os próximos 25 anos, estimado em 2 bilhões de pessoas, aumentará a pressão sobre a produção de alimentos. A sustentabilidade da vida marinha é crucial, dado que animais aquáticos e algas são importantes fontes alimentares.

A produção pesqueira e aquícola atingiu um recorde de 218 milhões de toneladas em 2021. O relatório conclui que uma compreensão mais profunda do papel dos alimentos aquáticos é essencial para enfrentar desafios nutricionais, sociais e ambientais futuros.

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