O relatório aponta que Jair Bolsonaro teria atuado diretamente na organização de um golpe de Estado, descrito pelos investigadores como “planejado, executado e dominado” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e sua base aliada. Segundo a Polícia Federal (PF), a tentativa falhou devido à falta de adesão das cúpulas do Exército e da Aeronáutica.
Ainda segundo as investigações, Bolsonaro tinha ciência de um plano chamado “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía o sequestro ou assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Documentos e apoio militar
Um manuscrito apreendido pela PF na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, detalha ações para impedir a posse de Lula, incluindo a mobilização de juristas e líderes de opinião. O texto termina com a frase “Lula não sobe a rampa”, uma clara referência ao bloqueio da transição de governo.
O documento, encontrado na mesa de um assessor do general Walter Braga Netto, que concorreu a vice-presidência na chapa de Bolsonaro, descreve a chamada “Operação 142”, que, segundo a PF, usava o artigo 142 da Constituição como justificativa para uma ruptura institucional.
As investigações também apontam que o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro para apoiar a articulação golpista. Contudo, o plano não avançou por falta de suporte de outras Forças Armadas.
Atos antidemocráticos e violência
A PF relacionou o radicalismo a eventos anteriores, como a tentativa de invasão da sede da PF em dezembro de 2022 e a tentativa de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília no mesmo mês. Segundo o relatório, esses episódios demonstram a persistência de grupos extremistas em executar ações violentas contra a democracia.
Próximos passos
Com o envio do relatório à Procuradoria-Geral da República (PGR), o procurador-geral Paulo Gonet deverá decidir se apresentará denúncia contra Jair Bolsonaro e os demais indiciados. A decisão poderá levar o caso ao Supremo Tribunal Federal, onde os investigados poderão responder pelos crimes apontados pela PF.