Matéria retirada do site Terra
O presidente Jair Bolsonaro oficializou a sua filiação ao Partido Liberal nesta terça-feira, 30, em uma cerimônia realizada em Brasília. Além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o evento contou com a presença do filho do presidente Flávio Bolsonaro – que também se filiou à sigla – e aliados políticos.
Antes de falar, Bolsonaro pediu uma oração e minimizou sua chegada à legenda ao iniciar o seu discurso. “Não estamos lançando ninguém a cargo nenhum”, afirmou. “É um evento simples, mas de muita importância. A filiação é uma passagem para que possamos pleitear algo ali na frente”, resumiu o presidente, que deve tentar a reeleição em 2022.
No discurso, Bolsonaro afirmou que escolher o PL como seu partido não foi uma decisão fácil. “A filiação é como um casamento. Não seremos marido e mulher, mas seremos uma família”, brincou o presidente ao dirigir-se a Valdemar Costa Neto.
Aproveitando a presença de Ciro Nogueira, presidente do Progressistas – que tentou atrair Bolsonaro para a legenda, o chefe do Executivo se explicou: “Ciro, não foi fácil essa decisão; [você] sempre tentando puxar a brasa para sua sardinha, e isso nos deixa feliz, sinal de que somos queridos, mas obviamente não podemos agradar a todos, mas fazemos o possível”.
Tentando emplacar uma fala conciliadora, após colocar obstáculos na filiação por causa de alianças do PL com partidos de esquerda em alguns Estados, Bolsonaro acrescentou que não tomará decisões de forma individual e que nenhum partido será esquecido. “Eu e o Valdemar não vamos decidir nada sozinhos, queremos compor e fazer o melhor para o Brasil”, pontuou.
Nono partido
O Partido Liberal é a nona casa de Jair Bolsonaro. Em quase 30 anos de carreira política, o atual chefe do Executivo já passou por PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC e, por último, PSL – sigla pela qual foi eleito presidente da República em 2018.
Após deixar o PSL em 2019, em meio a conflitos com lideranças do partido, Bolsonaro tentou formar sua própria legenda, a Aliança Pelo Brasil, mas não obteve assinaturas suficientes para a criação.
Desde então, partidos como PP e Republicanos – que cresceram com a onda bolsonarista em 2018 – tentavam atrair Bolsonaro para a legenda, mas foi o PL de Valdemar Costa Neto que bateu o martelo.
‘Filhos’ do casamento
Junto com Bolsonaro, assinaram ficha de filiação ao PL o já citado senador Flávio Bolsonaro (RJ), filho mais velho do presidente, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que disputa com o ministro das Comunicações, Fábio Faria, a vaga de candidato de Bolsonaro ao Senado pelo Rio Grande do Norte.
Outros nomes do primeiro e do segundo escalão do governo também estavam presentes e devem se filiar ao partido. Entre eles, o terceiro filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que precisa esperar a janela de filiação partidária para mudar, sob risco de perder o mandato. É a mesma situação de Onyx Lorenzoni, ministro do Trabalho e deputado licenciado atualmente no DEM, que pretende concorrer ao governo do Rio Grande do Sul.
Devem ainda migrar para o PL cerca de 20 parlamentares bolsonaristas que hoje ainda estão no PSL, mas esperavam uma decisão para seguir o presidente.
Ainda fazem parte da lista o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, que Bolsonaro quer ver candidato ao governo de São Paulo, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que pode ser candidato ao Senado ou à Câmara por São Paulo.
Em seu discurso, Bolsonaro deixou claro que quer fazer composições estaduais para eleger governadores e senadores – o Senado, especialmente, tem sido sua obsessão, já que é onde os principais projetos do governo têm empacado. “Nenhum partido será esquecido por nós, queremos compor nos Estados para senador e governador.”
Críticas
Durante seu discurso de filiação, Flávio Bolsonaro aproveitou a ocasião para fazer críticas ao PT, Lula e Sergio Moro, ex-ministro do governo Bolsonaro que deixou o cargo após conflitos com o chefe do Executivo.
Flávio classificou Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Público, de “traidor” e disse que o pai foi “humilhado” por ele. “A política pode perdoar traição, mas não perdoa o traidor. Obrigado por não terem traído o presidente Bolsonaro”, disse Flávio. “Traidor é aquele que por ação ou omissão interfere na Polícia Federal. Traidor é quem não tomou providências para descobrir quem mandou mandar Jair Bolsonaro.”
Flavio também disse que o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líder em pesquisas de intenção de voto, “é um ex-presidiário” e que a “farsa está aí”. O senador disse que “vamos vencer o vírus, vamos vencer qualquer traidor e qualquer ladrão de nove dedos pelo bem do Brasil”.
Em mais uma frente e apressar da campanha contrária empreendida pelo presidente, Flávio afirmou que todas as vacinas contra covid-19 aplicadas no Brasil “se devem ao governo Bolsonaro”, uma forma de neutralizar o ativo eleitoral do pré-candidato do PSDB, João Doria.